sábado, 27 de setembro de 2008

Pecuária: a grande vilã do aquecimento global

Existem duas grandes correntes científicas no mundo, uma afirma que o aquecimento global é fruto da natureza predatória da humanidade e outra diz que o aquecimento e o arrefecimento do planeta são cíclicos.

Não entrarei em detalhes técnicos e não pretendo envolver-me nessa briga de “cachorros grandes”, a única coisa que posso afirmar é que ambas correntes estão certas, os partidários de ambos os lados já conseguiram provar “cientificamente” as suas teses.

Por enquanto quem está ganhando a briga é o aquecimento provocado pelo homem, pois, é a tese que provoca maior simpatia da mídia internacional, afinal de contas ela é mais chocante, amedrontadora, escandalosa e vende mais jornais.

Enquanto isso nós, pobres e leigos mortais, assistimos aparvalhados e amedrontados aos noticiários, sendo obrigados, por não entendermos “bulhufas” do assunto, a tomarmos partido de uma ou outra tese como se fosse tudo um grande jogo de futebol.

Na “esteira” da corrente que se sobressai vêm as mais “estapafúrdias” propostas e opiniões, a última dessas propostas, com sabor de intimação e intimidação, vem do Presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU, o indiano Rajendra Pachauri:

– "Comam menos carne"

A declaração foi feita na cidade de Londres, em um encontro Promovido em 08/09/2008, por uma organização que possui o nome interessante e bem sugestivo, Compassion in World Farming, CIWF (Compaixão nas Fazendas Mundiais, em tradução-livre), cuja principal razão para sugerir que as pessoas reduzam seu consumo de carne é para reduzir o número de animais em indústrias pecuárias.

No encontro declarou, ainda:

– "Eu gostaria de ver governos colocarem metas para a redução de produção e consumo de carne"

Por outro lado a Organização da ONU para Agricultura e Alimentos (FAO) estima que as emissões diretas da produção de carne correspondem a 18% do total mundial de emissões de gases do efeito estufa, sendo que os dois grandes causadores são o desmatamento e a “flatulência” dos bois (traduzindo quer dizer, de acordo com o dicionário Priberam, acumulação de ar no sistema digestivo/ventosidade, ou seja, desculpem-me, o pei.....do boi.

Fiquei muito impressionado com essa declaração e refleti – se alguns milhões de bois causam tanto aquecimento, imaginem mais de 6 bilhões de pessoas a comer repolho, ovo, cebola, feijão, açúcar e outros petiscos, que mal devem causar. Eu tenho um compadre que sozinho pei........por 3 bois, realmente nós somos uma desgraça para o planeta.

Antes de prosseguir, quero dar uma informação sobre o prêmio Nobel da Paz de 2007, que o Sr.Rajendra (com sua pose de Chandra Suresh, personagem da série Heroes que também é indiano) ostenta o Nobel que não é seu.

O prêmio foi concedido ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore (que não é cientista e sim ativista ambiental, que por sinal anda meio caladão ou foi esquecido pela mídia por não estar concorrendo à sucessão do presidente Bush) e ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da ONU, pela publicação do mais significativo estudo sobre mudança climática (na visão da Academia de Ciências da Noruega, país muito interessado em eliminar toda a concorrência no mercado internacional de madeira) e envolveu cerca de 2500 cientistas de mais de 100 países, incluindo nove cientistas brasileiros.

Logo, ele não foi laureado com o Nobel e sim o IPCC, em trabalho que envolveu cerca de 2.500 colaboradores, inclusive vários brasileiros.

O Sr. Rajendra, quando aconselha que não comamos mais carne, se esquece- de um pequeno detalhe que pode vir a alterar todo o raciocínio – o ser humano é um animal carnívoro, o seu sistema digestivo é condizente com a condição – entretanto, vamos imaginar que nos tornássemos vegetarianos (herbívoros), o desmatamento para a expansão da agricultura e a emissão do metano produzido pela “flatulência” diminuiria ou estagnaria?... Não esqueçamos que, recentemente, a ONU conclamou o mundo a aumentar em 50% a produção de alimentos nos próximos 10 anos.

O Brasil possui um rebanho bovino de aproximadamente 200 milhões de cabeças em franco encolhimento, como explica André M. Nassar, Diretor Geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) em seu belíssimo artigo “Rebanho bovino e desmatamento”, publicado pelo “BeefPoint”, no “Espaço Aberto” em 16/07/2008, do qual transcrevo o primeiro tópico:

“Neste artigo defendo a idéia de que não há incentivos econômicos para que, nos próximos anos, o rebanho bovino continue a se expandir, nem na Amazônia, nem no resto do Brasil. Isso significa que não poderemos explicar novos desmatamentos na região por expansão econômica da pecuária, simplesmente porque ela não vai ocorrer. Assim, não há como entender o papel da pecuária no desmatamento sem avaliar o contexto econômico por que passa o setor”.

A realidade dos fatos mostra que o nosso rebanho vem pei..... cada vez menos, em razão do seu encolhimento e não existe a possibilidade do aumento da “flatulência” ou desmatamento, pelo menos em futuro próximo, entretanto, a campanha do Sr. Rajendra nos atinge economicamente – a carne bovina é uma das riquezas nacionais.

O discurso do Sr. Rajendra foi feito em Londres, ele não aprendeu que “em casa de enforcado não se fala em corda”, a reação foi imediata e o porta voz da União Nacional dos Fazendeiros da Grã-Bretanha, declarou:

– "Nós apoiamos fortemente as pesquisas com o objetivo de reduzir as emissões de metano dos animais de fazendas, por exemplo, mudando suas dietas e usando a digestão anaeróbica”.

Essa reação é muito fácil de entender, o fantasma da “vaca louca” ainda os assusta, agora chega esse indiano e afirma que além de louca a vaca é pei....... .

O aquecimento global é uma realidade, se é provocado pelo homem ou não, é outra questão, todavia, praticar terrorismo e amedrontar o povo não é a solução.

Teses absurdas, que afrontam a nossa inteligência, veiculadas diariamente pelas mídias internacionais e nacionais, só servem para desmoralizar o assunto e despi-lo da importância devida. Que calem-se as “metralhadoras giratórias”, vamos tratar do assunto com a seriedade que ele merece.

A Amazônia é reconhecida como uma das últimas florestas nativas do planeta e todos sabem que os países ricos destruíram as suas florestas, contudo este fato, apesar de triste, não é terminativo, que tal eles começarem a recuperar as áreas degradadas e partirem para reflorestar os seus próprio países em nome da sobrevivência da humanidade.

Um outro passo que poderia ser dado pelos países ricos, ao invés de gastarem tanto e dinheiro a criticarem os outros, investirem pesadamente em grandes indústrias de reciclagem atmosférica (parece ficção científica mas não é e é inteiramente viável), hoje tudo é reciclável.

Para encerrar eu gostaria de engrossar as fileiras das sugestões “estapafúrdias”, que talvez não sejam tanto e que possam me propiciar o Prêmio Nobel da Paz do ano que vem, com duas propostas:

A primeira ao governo brasileiro para que comece a pensar num programa de “biogás” no lugar do “biodiesel” que é muito trabalhoso, caro e prejudica a agricultura alimentar. São mais de 180 milhões de brasileiros, juntamente com seus animais domésticos e outros animais, a produzir milhões de toneladas de fezes diariamente, que ao degradarem-se produzem biogás, jogadas nos rios e no mar(que estrago de matéria prima).

Perdoe-me senhor Presidente (sonhar não é crime ou ofensa), tenho-lhe muito respeito, mas fico imaginando o nosso querido Presidente Lula fazendo um pronunciamento na Assembléia Geral da ONU, retransmitido para o mundo pela CNN, sobre as virtudes, benefícios e valor energético da “mer.......”.

Enquanto isso, o Sr. Rajendra Pachauri, tentando desenvolver um grande programa mundial, economicamente viável, para a coleta da “flatulência” das vaquinhas.

Parece brincadeira de mau gosto e não é, quando fui Diretor do Projeto Rondon trabalhei em um grande projeto de implantação de latrinas e fossas biológicas que produziam “biogás” para os fogões e iluminação doméstica dos interioranos. Salvo engano o projeto foi desenvolvido na Marinha.

A outra proposta é mais direta:

– Vamos mudar a dieta do gado, vamos acrescentar “Alca-Luftal” na alimentação bovina.

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