domingo, 21 de setembro de 2008

Alimentar o mundo: o Brasil está preparado?

Acredito que não, entretanto, o produtor rural brasileiro está.

A princípio estas duas declarações parecem conflitantes, todavia, se observarmos cuidadosamente o comportamento dos governantes atuais em oposição ao dos produtores rurais, perceberemos claramente a verdade das afirmativa.

A Amazônia está preparada para alimentar o Brasil e o mundo, o que já faz em pequena escala, contudo não como “celeiro do mundo” e sim como “celeiro dos Amazônidas”, desde que o mundo pague um preço condizente e a altura do nosso esforço e sacrifício.

As nossas grandes riquezas visíveis são: – água, agricultura, pecuária, jazidas minerais, madeiras nobres e as, ainda, não nobres. Como já disse antes – “a Amazônia é uma guloseima que está na prateleira e a criançada está de olho”.

A agricultura, pecuária e florestas são renováveis, o que nos causa muita estranheza é que as campanhas promovidas contra a Amazônia são em sua maioria voltadas contra a exploração das riquezas renováveis. Poucos, que são calados rapidamente, atacam os buracos deixados pelas mineradoras, não que eu seja contra mineradoras como a Vale, pois, tem gerado empregos e benefícios aqui, apesar de gastar na região, excluindo-se os investimentos que redundam em benefícios para ela mesma, menos de 1% do seu faturamento bruto e isso para nós já é melhor que nada, nós somos gratos independentemente do valor das doações.

Temos a consciência que, apesar de tudo, as campanhas(já testemunhamos várias) são passageiras – os governos mudam – nós Amazônidas e a Amazônia temos resistido bravamente, ao longo dos anos, às mais diversas “pragas” que vem tentando nos destruir e à nossa produção (ferrugem, fusariose, aftosa, governo brasileiro, governos estrangeiros e outras) e a despeito delas temos sobrevivido paciente e tenazmente, somos discípulos de Jó.

O mundo está faminto todos os olhos se voltam para o nosso paraíso cultivável, recentemente o candidato à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou, enfáticamente, que acha que a Amazônia é um recurso global e não apenas brasileiro.

Uma declaração aqui, outra ali, nos dão a pista clara dos planos das grandes potências para a Amazônia e os atuais governantes estão contribuindo enormemente com os objetivos dos “ecoinvasores” (o termo “ecoinvasor” foi cunhado por mim, atenção gramáticos o significado é: – todo e qualquer indivíduo, organização ou país que, usando a ecologia como desculpa, pretendam tomar posse da Amazônia, agora ou no futuro.)

Nós Amazônidas somos como a “caravana” da célebre frase, do famoso e saudoso colunista social Ibrahim Sued – “enquanto os cães ladram a caravana passa”.
Viemos para essa região, encorajados por governos do passado, para ocupá-la, desbravá-la e substituir áreas de florestas por culturas aproveitáveis, tornando-a economicamente viável e defensável às investidas estrangeiras, integrando-a, efetivamente, ao território brasileiro.

Seringueiros, agricultores, pecuaristas e garimpeiros, de todos os rincões do Brasil, puseram suas sacolinhas nos ombros e usando todos os meios de transporte possíveis e imagináveis, inclusive “a pé”, deslocaram-se para cá, como os novos “Bandeirantes”, para cumprir a missão para qual a Pátria os convocou. Abriram picadas e desmataram áreas, no “muque” , com terçadas e enxadas (para que o leitor perceba a dimensão do esforço, é preciso, que saiba um pouco da nossa realidade, entre as mais diversas, existem áreas na região que o homem precisa trabalhar nu em razão da freqüência da chuva, umidade e calor e, em outras, precisa trabalhar totalmente vestido, da cabeça aos pés, por causa dos mosquitos), foi uma guerra entre a floresta e o homem, muitos desbravadores sucumbiram vítimas de malária, febre amarela, flechadas, pneumonia, tuberculose, acidentes, devorados ou envenenados por animais ferozes e mudanças bruscas de políticas governamentais (nesses casos os óbitos se deram por males cardíacos provocados por decepção), foi uma luta sem quartel que está chegando ao final sem vencidos ou vencedores, apenas cada um cumpriu o seu papel, entretanto, hoje, ambos estão sendo derrotados por um contentor que não fez qualquer sacrifício, não lutou e sequer os conhece – o governo atual, que por desconhecer inteiramente a Amazônia e sua história, resolveu mudar as regras do jogo, no meio do jogo.

Os desbravadores estão perplexos, a missão patriótica de integrar a Amazônia ao resto do País, torná-la economicamente viável e protegê-la de invasões estrangeiras, está cumprida, esperavam, não um prêmio, mas, com certeza, o reconhecimento de seus irmão brasileiros e somente recebem críticas e o epíteto de bandido. Recentemente testemunhei a revolta de um desses desbravadores, em um dos milhares de cemitérios da região, em pé ao lado do túmulo de um querido filho bradando aos céus – meu filho, morrestes por nada.

Os Amazônidas, além de todos os méritos, resistiram a possibilidade de transformação, apoiados por um governo que não disse “amém”, da região em um grande “lago Amazônida”. A A idéia foi concebida por Herman Khan futurólogo do Instituto Humboldt que não estava sozinho na opinião de que a Amazônia era internacional e não podia pertencer ao Brasil, com ele se alinhavam François Miterrand, Al Gore (agora ambientalista e pai do terrorismo emocional usando o aquecimento global), Margareth Tatcher e todas as potências que ontem apoiavam o tal “lago”, hoje chantageiam e coagem o Brasil com o “aquecimento global”, mudaram a arma, entretanto o objetivo continua o mesmo – a internacionalização da Amazônia.

Durante certo período se pôde ver, nas ruas de Londres, veículos trafegando com adesivos que diziam:

– "Mate um brasileiro para salvar a Amazônia".

Temos consciência que os produtores rurais das outras regiões têm a sua própria luta, diferente da nossa, entretanto, tão sofrida quanto. Sofre com as incompreensões, fatores climáticos também adversos, geadas, com o desrespeito das autoridades, falta de reconhecimento da comunidade e políticas governamentais descabidas. O governo não desconhece somente a Amazônia, desconhece também a atividade agropecuária. A produção agrária só citada em manchetes sobre a “balança comercial”, mesmo assim a produção agrícola, nunca o produtor.

Espero não ser muito criticado pelo que vou escrever agora.

Lutamos pela Amazônia brasileira por patriotismo, amamos ser brasileiros e jamais, voluntariamente, trocaríamos a nossa nacionalidade por outra qualquer, contudo, caso venha a ser internacionalizada, assumida por outro país ou grupo de países, seja quem for vai precisar de nós, porquanto somente nós conhecemos as realidades da região e somos a única mão-de-obra especializada nela.

Os países cobiçam a região por valorizá-la, ninguém cobiça o que não tem valor, diferentemente do atual governo que só a vê como fonte do aquecimento global e “cóio”” de bandidos.

Caso a Amazônia fosse ocupada por estrangeiros quem perderia mais seria o Brasil, para o Amazônida a grande perda seria a sua nacionalidade.

A idéia de internacionalização da Amazônia não é por causa do aquecimento global ou para preservar a sua biodiversidade e sim por que, em futuro bem próximo, o poder mundial migrará dos atuais detentores (eles mesmos) para os países que possuam bastante terras para produzir alimentos e tenham água em abundância.
Acredito que o Brasil de hoje não está preparado para assumir esse poder e manipulá-lo a nosso favor.

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