segunda-feira, 20 de julho de 2009

Gil Reis entrevistado pela Scot Consultoria

Gil Marcos de Oliveira Reis – Advogado, Executivo e Consultor de Empresas

Por Equipe Scot Consultoria
Reprodução permitida desde que citada a fonte


“Carioca, com 40 anos de Amazônia, ex-brasileiro litorâneo, hoje, brasileiro amazônico, advogado, produtor e apresentador de um programa de televisão, um “talk show”, há 22 anos no ar e mais de 15.400 entrevistas realizadas. É ex-diretor executivo do “Projeto Rondon” (Lembram? - "Integrar para não Entregar") hoje conselheiro do mesmo, ex-assessor do Instituto de Terras do Pará - ITERPA e Secretaria de Estado de Interior e Justiça do Pará (atualmente as duas Secretarias foram separadas), ex- diretor executivo do CEAG PARÁ, denominado agora de SEBRAE PARÁ, consultor de empresas, orientador acadêmico de graduações em administração”.


“É muito “ex” para uma pessoa, entretanto, jamais serei ex-lutador pelas causas da Amazônia.
Em tempo: opiniões veiculadas, também, no BLOG - gilreis.blogspot.com

Scot Consultoria: A pressão sócio-ambiental sobre a pecuária e a produção de carne bovina só faz crescer, principalmente no Norte do Brasil. Ela se justifica? Qual é a sua visão sobre o assunto?

Gil Reis: Não se justifica e, naturalmente, quando o entrevistador fala “Norte do Brasil”, quer se referir à Amazônia.
Tenho a impressão que o mundo inteiro está sofrendo de idiotia ou os habitantes do planeta são muito crédulos em aceitar como verdadeiras as mentiras divulgadas pelas ONGs internacionais.
Não consigo entender como o Amazônida pode ser acusado de "desmatador", se tal região tem 83% de seu território preservado (apesar da devastação promovida pelo INCRA - 1.000.000 ha) e a média de preservação mundial não chega a 15%.
Aproveito esta entrevista para vir, de público, desafiar os países produtores de carne a provar qual deles desmata menos que nós.
A minha visão envereda por duas vertentes de “teoria da conspiração”, a invasão da Amazônia usando como justificativa que a estamos destruindo, afirmação provada pelo noticiário nacional e internacional, ou a sua internacionalização usando as mesmas provas.
Bom, se não tenho razão, apesar da prova “provada” que o desmatamento na região não é o que dizem, por que toda essa campanha (temos que ser honestos, apoiada por colaboracionistas brasileiros) movida por países pretensamente protetores da Amazônia, que há menos de 40 anos aplaudiam a criação do “grande lago Amazônico”, da autoria do futurólogo Hermann Khan e seu Instituto Hudson, interligando o Oceano Pacífico ao Atlântico inviabilizando a região e destruindo o seu bioma?


Scot Consultoria: A nossa cadeia produtiva tem sido eficiente em sua defesa de imagem? Onde estamos falhando? O que fazer para melhorar?

Gil Reis: Eficientes temos sido. Entretanto, nada adianta ser eficiente e não ser eficaz! Onde estamos falhando, ou seja, onde perdemos a nossa eficácia?
É muito simples. Temos sido proativos ao encarar os problemas e apresentar sugestões, por sinal boas sugestões técnicas capazes de solucionar os óbices da cadeia produtiva. Todavia, o temos feito apenas onde temos acesso: os cadernos rurais dos veículos, pequenos e grandes, de comunicação de massa e em sites como o da Scot, sites esses que tem servido como foro das grandes discussões pertinentes ao setor consolidando as nossas opiniões, em congressos, seminários, encontros, workshops, feiras e etc. Todos da área rural, ou seja, temos pregado para nós mesmos.
O absurdo é tão grande em termos de acessibilidade ao grande público que, ao lermos os jornais que possuem cadernos rurais ou de agronegócio, percebemos que nem os articulistas que escrevem na área de notícias gerais lêem os tais cadernos.
Tenho a impressão é que os sites e articulistas rurais do nosso país devem se articular para promover um grande movimento político (política editorial) buscando a inserção das suas publicações no caderno de notícias gerais dos jornais, lidos diariamente por todos, inclusive, por nós.
Por outro lado, os inimigos do setor manipulam e têm acesso aos veículos como a Rede Globo e, nós, ficamos na defensiva a defendermo-nos com argumentos que não são ouvidos ou lidos.
Está na hora de mudar o paradigma e passarmos a atacar, usando a bateria jurídica a nosso dispor. Produtores, associações, sindicatos, federações, confederações e empresas a interpor milhares de ações cíveis (direito de resposta e indenizações por danos morais, lucros cessantes e etc..) contra os veículos de comunicação, articulistas, ONGs e até Ministros, que publiquem ou emitam declarações mentirosas e ofensivas contra nós.
Será que obteremos o direito de resposta ou indenizações?
Não sei. Contudo, o que posso afirmar é que seremos ouvidos e os nossos inimigos estarão tão ocupados nas suas defesas, que não terão mais tempo de nos atacar.


Scot Consultoria: Em sua opinião, ainda vale a pena investir em pecuária na Amazônia, onde existem sérios problemas logísticos, os custos para aquisição de insumos são mais elevados, as invasões de terra são uma constante, as pressões ambientais chegam a ser insuportáveis e, como se não bastasse, apenas 20% da área pode ser explorada?

Gil Reis: - “Mais importante que a resposta é a pergunta” (frase cunhada por mim há mais de 20 anos), uma vez que a pergunta delimita a resposta.
Vou responder da mesma forma que qualquer leitor responderia.
Qualquer cidadão, em pleno uso e gozo de suas faculdades mentais, diante do quadro desenhado pela pergunta e, mais, conhecendo hoje a realidade na qual vivemos, levando “porrada” de todos os lados, tendo nossos rebanhos confiscados, nossos bens interditados, o fruto do nosso trabalho embargado, as nossas propriedades consideradas ilegais apesar de terem sido adquiridas, de boa fé, com a aprovação e certificação de órgãos oficiais - inclusive, certificadas por tabeliães que possuem fé pública -, chamados de bandidos e vigaristas por Ministro de Estado que fala em nome do Presidente da República, processados pelo Ministério Público Federal, etc., etc., etc., a resposta é:
– Um sonoro e taxativo NÃO!!!!
Todavia, após a assinatura do Termo de Ajuste de Conduta - TAC proposto pelo Ministério Público Federal do Pará, fruto de toda uma exaustiva negociação com os Frigoríficos e Pecuaristas, a situação vai mudar radicalmente.
Todos os signatários do TAC estarão legalizados. Para tanto, é suficiente seguir as condições estabelecidas, que por sinal não são descabidas.


Scot Consultoria: Quais os compromissos assumidos, pelo Ministério Público Federal do Pará, com os signatários do TAC? E quais as suas conseqüências?

Gil Reis: Para responder a essa pergunta é preciso que todos entendam que o TAC é fruto de uma grande parceria entre classes produtoras, órgão de classe, frigoríficos, exportadores de gado, Governo do Estado e Ministério Público Federal do Pará.
Ao final de todo o processo, que foi muito doloroso e caro, os resultados ultrapassaram as expectativas. Em reunião com os produtores rurais, o Dr. Daniel Azeredo, Procurador Federal e representante dos dez signatários da Ação Civil Pública, foi bem enfático e taxativo ao afirmar:
– “A função do Ministério Público Federal é a defesa dos cidadãos, desde que os mesmos sejam cumpridores da lei. A partir da assinatura do TAC e seu efetivo cumprimento, todos podem contar conosco em suas defesas. Qualquer um que se sinta ameaçado pode nos procurar que o defenderemos”.
Além desse compromisso, os produtores, exportadores de gado e frigoríficos legalizados, através do cumprimento do TAC, receberão um selo “verde”. Uma certificação de que seus produtos foram produzidos de forma ecologicamente correta.
Tal compromisso trará como conseqüência a legalização das terras e das atividades, o que redundará na valorização das áreas rurais e dos produtos paraenses oriundos do campo. Afinal, quantos países no mundo podem ostentar em seus produtos o galardão de “ecologicamente correto”.
O Dr. Daniel Azeredo foi, também, muito taxativo e claro ao dizer:
– “O Ministério Público Federal jamais aceitará nenhuma ação que represente o descumprimento da Lei”.
Assim, posso afirmar que, com a assinatura do TAC, a resposta à pergunta anterior passa a ser:
– Um sonoro e taxativo SIM!!!
E o sim, grafado acima, é o símbolo dos novos tempos que iniciam-se agora. É o símbolo da produção rural do Pará, Estado que sempre se destacou e se destaca cada vez mais no Brasil Amazônico.

Um comentário:

Unknown disse...

caro Gil,

Sou Zootecnista e trabalho tambem com exportaçao de gado. Gostei muito do texto publicado em seu blog, sobre exportaçao de gado. Gostaria de publica-lo em meu blog (vacanegocioselazer.blogspot.com).
Peço sua autorizaçao para republica-lo.

Mario Karpinskas Junior